segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Apesar de"

Passavam-se os dias, cheios de angustia e desentendimento de sí própria. Como se viver fosse fardo. Fardo: peso, incomodo, estorvo. Era cruel o que se fazia… Aproveitar que estava em carne viva para se conhecer melhor, sob a ferida ainda aberta. Doía mexer-se nesse sentido. Mas viver era fé. Fé em que? Na própria fé, que a fé pode ser um susto. E se viver desacreditado era desconfiar-se dos fatos, então criava-se coragem e força. Força, sem fé. Só pra carregar a vida que lhe pesava tanto os ombros. E com pouco se importava, e com nada se distraia e tão pouco se obtinha. Mas apesar de, vivia. Porque se deve viver sob os pesares, e também se deve amar, apesar de, e apesar de, se deve morrer. E assim, mas habilidosa, ou conformada, habituava-se à terra, lua, jupter, qualquer outro planeta, ou vida. E a vida? Essa, não é de se brincar, porque em pleno dia, se morre.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Maldita essência

No fundo eu sei que não adianta fingir satisfação. Eu tenho uma urgência muito grande da vida pra dizer sempre que está tudo bem. 'Está tudo bem' é só outra forma de dizer que venho sobrevivendo, ao invéz de viver. É como morrer todos os dias, mas não ter o alivio imediato da morte. Da vontade de sair correndo e gritar 'ei, eu to aqui.. eu quero viver' e nunca mais parar de repetir essa frase, porque eu sei o peso que as palavras tem.
Aprisionar os demonios ja não está adiantando. Tento viver uma vida superficialmente perfeita, mas ela não vai me dar a adrenalina de estar vivo. Tomar um tapa de luva na cara, as vezes é bom.
Eu quero abrir os olhos pro lixo que o ser humano é, o lixo que eu sou. E fede.
Tentar ser alguem melhor, mas reconhecendo a mediocridade da minha essência.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Fobia do tempo

Só sei pensar em ponto final. Essa história de prolongar idéias me amedronta. Não sei conviver muito com nada. Não sei usar a coerencia, nunca soube.
Devo ser uma das poucas pessoas que tem medo da eternidade.. Vida eterna, amores eternos. Amores eternos? Me arrepio só de ouvir falar. Parece prisão, parece termino de caminho, parece aquelas histórias de 'vou ter que me acostumar'. Como ja disse, o espetáculo tem que acabar, se não fica cansativo, manótono. E como gosto de tudo bem dramatico, não conseguiria fingir intensidade por tanto tempo. E se muito ficasse chorando, teria que, sempre refazer a maquiagem e ja me canso só de pensar.
Vivo de pouco, vivo de jogos, rebaixo o amor a adrenalina. Porque as vezes acho que busco mesmo é injeção de ânimo, não uma, mas duas, três. Quero ficar na vitrini, exposta, cobiçada, sempre de roupas trocadas, fico bem assim. Se me compras sou eternamente sua e prefiro morrer a ficar confinada com alguém por tanto tempo. Ja disse que me canso.
Agora mesmo, estou cansada.. Procurando um jeito de colocar logo o ponto final, deitar sozinha no quarto de visitas, sobre o piano, treinando o choro para amanha e fumando um cigarro, imaginando o repúdio das pessoas que me vissem agora.