quinta-feira, 29 de setembro de 2011

As cegas

Já estou farta dessa estranha mania de dispensar tudo e todos, eu tenho mesmo é que dispensar essa demasia de interrogações. To precisando dar uma trégua pro meu psicológico, porque está sendo assim, quanto mais me conheço menos sei de mim.
Olha, eu já não quero mais saber se eu sou essas linhas amarguradas e frias que vocês sempre lêem. Me assusta não poder passar disso aqui. Quanto mais aprendo sobre o que eu quero, mais boicoto meus ideais, parece que saber é o fim. O fato de estar ciente sobre mim, me impede de exercer a minha essência. Acho que isso explica essa necessidade de me contradizer, mesmo sendo tão racional.
Eu já devo ter passado mil vezes pelo caminho certo, caminho pelo qual eu sempre quis seguir, mas racionalmente achei impróprio, pra não dizer que senti mesmo foi medo. Doar-se é sempre difícil, mas no meu caso parece impossível. E se não for como eu quero? E se tudo der errado? Será que eu ainda vou ter o que doar daqui pra frente? E se eu me perder? E se? Se eu estiver certa sobre mim, estou ficando morna de tanto não me permiti. É por isso que hoje resolvi me dispensar, quero viver as cegas, como aqueles que vivem do órgão responsável pelo bombeamento sanguíneo, o tal do coração, sem essa razão que suga e apaga a vida, sem esse pudor exagerado, sem medo, só vida.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Partida

Você sabe que parecidos nós não éramos, e eu sempre levando tudo sob o efeito daquela velha história de se divertir com o errado enquanto o certo não vinha, mas o que mantinha a gente era esse olhar verde seu, que me arrastava pra cama, que fazia tudo parecer tão mórbido na intensidade que eu desejei. Você sabe do meu espírito livre, não foi por nada que terminamos, foi só por prazo de validade vencido. Tão lindo e convicto, mas cheio de meias palavras, meios abraços, meios sentimentos, e eu tenho horror de meio termo.
Você se deu conta de como eu sacio as pessoas? Como eu sacio vida? Eu quero gozar do direito de ir, porque eu sempre fui mais ponto final do que reticências. Tem tanto chão pra correr, tantos amores pra viver, tanta distração que preenche cotidiano que eu não quero construir nada pra repousar, eu não quero ter tempo pra descobrir que a idéia de mim é mentira, espera eu patentear essa vida que você acha tão absurda, solta minha mão, levanta a cabeça, segue seu caminho e não olha pra traz, porque eu já fui ser feliz e não tenho tempo pra sentir saudade.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Subconsciente

É desesperador essa urgencia de vida, essa urgencia de sentimentos. É mais desesperador ainda ver que eu corro exatamente ao contrário de tudo que quero alcançar e eu simplesmente não sei dar meia volta.
E incomoda saber que NINGUÉM pode me conhecer do jeito que sou, porque não há nada a se conhecer. Passo a vida tentando ser. Mas ser é dificil. Ser qualquer coisa que não seja NADA, sentir qualquer coisa que não seja NADA. Mas o nada é tão presente e fácil.
A vida é tão curta pra ficar evitando não se machucar, pra ficar evitando machucar alguém. Eu sei. Mas não é desse medo que sofro. Só não consigo... por algum motivo, não me permito. E to tão cansada de implodir. E quer saber, acho que me machuco mais assim. Parece que estou tão longe de tudo. Uma fase abaixo de todos. Me sinto menos humana quando penso que enquanto as outras pessoas buscam ter o amor que sentem, eu ainda busco senti-lo, ou deixar que ele me sinta.
É uma busca insaciável por vida. E apesar do cansaço é impossível parar, como se isso fosse automático, inconsciente. Será que essa coisa de amor é realmente essencial?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tudo vai ficar bem

Eu não peço muito, só quero tempo pra sentir saudade. Sabe esse sufocamento, esse medo? é só vontade de ficar, mas ficar calada, deitada, imóvel, te olhando quando eu precisar.
Eu não quero que você esteja presente pra eu respirar e nem quero estar presente pra que você faça o mesmo.. Eu só quero tempo livre e menos palavra pra brigar.
Esquece as datas, esquece as outras pessoas, não dita que tem que ser só nós, eu ja existia antes de você.
É só sorrir e dizer que tá tudo bem, que tudo vai ficar bem.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Olhos de ressaca

Olhava o mundo com olhos de ressaca de um fluido misterioso e energico que vinha sem nada e lavava consigo tudo, assim, como o mar em dia de ressaca. Ele evitava fita-la e mesmo de relance, quando não resistia e levantava os olhos, via ondas cavas e escuras afim de envolve-lo, engoli-lo, traga-lo.

Mas como poderia viver sem aqueles olhos? Como alguém que não pertence a costa litoranea e ama o mar. Ele amava o mar e as ondas e amava os olhos de ressaca. E ela que tinha os olhos que o diabo lhe deu, como os de cigana, obliquios e dissimulados puxava-o para sí, que se agarrava em seus braços, seus cabelos, mas que por estes se entregava sem relutancia alguma.

De súbito escrevia-lhe, falava-lhe. Talvez a narração desse-lhe a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta, não o do papel, mas o do mar, não o são, mas o de ressaca.

“O mar amanha está de desafiar a gente.”