segunda-feira, 23 de abril de 2012

Apenas quatro linhas

E a gente quer se agarrar, pequena! Porque é um apreço tão grande que nem o peito pode aguentar. Dá até uma vontade de registrar com palavras, mas palavras pro que tá aqui dentro não há. E a gente vai vivendo assim, de segredinho, olhando com carinho quando o outro passar , que é pra não gritar aos quatro ventos, que tanto sentimento assim, nos matará.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Sem o porque de querer ser

Eu sei que a maioria tem um exterior pra ser visto e reconhecido, mas eu quero alguém que despreze minha aparência externa e me coma internamente, e devagar, e com cuidado, porque esse sumo vivo dentro de mim está ficando pálido de esperar e só esperar.

Eu devoro dia e noite essa idéia surreal de mudamente pedir ajuda e mudamente ser ajudada. MUDAMENTE. Cansei de palavras, já sei o atalho de todas elas e sei o peso, e sei como elas ecoam persuadindo cada pedaço de mim. Não me contento com repertórios feitos, dicionários, ato I, II, III de peças alheias com histórias que não são minhas. Eu também tenho anos de palco e reconheço atores baratos.

Ter uma vida só é tão pouco - mesmo pra quem não agüenta viver – pra ficar perdendo tempo com a superficialidade de palavras com significados tão pequenos que eu tenho que engolir pra não adoecer de solidão. Eu perdi o direito de ser pra tentar prolongar o nascimento pela vida inteira, com medo de encontrar a natureza da morte sem conseguir ser de verdade, até que eu aprendi a ser de mentirinha.

Mas não há desespero, amanha é sempre outro dia e pra quem tem urgência a paciência faz companhia por falta de opção. Haverá alguém a me devorar de forma tão vorpal que eu até esquecerei como ser de mentirinha e de que esperei tanto tempo pra aprender a ser de verdade.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Vivendo em círculos

Eu não sei dessa necessidade de dizer adeus em toda despedida, como se cortasse o vínculo de uma vez para outra, esperando que ambos ficassem em liberdade um do outro até o próximo reencontro. É como se eu vivesse encerrando tudo, nada de virgulas, reticências, só pontos simples, finais, e em contrapartida eu repetisse toda história como quem para sem saber parar. Parece que esse meu hábito sugeriu as outras tantas pessoas que dissessem a palavra “adeus” antes de mim.
E agora eu sinto uma fome tão grande que só passará quando eu comer a presença de alguém. As vezes a fome é tão demasiada que só presença me calcula, é pouco. Eu quero absorver alguém que seja meu. Essa vontade de unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que já tive na vida, mesmo sabendo que essa urgência de nada me adiantará, partindo do principio de que a fome só dura nos primeiros curtos minutos em que me satisfaço e depois acaba, até eu senti-la novamente.
Viu?! Eu paro sem querer parar e repito a história como se eu não soubesse vive-la de mais nenhum modo, e talvez eu não saiba mesmo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

As cegas

Já estou farta dessa estranha mania de dispensar tudo e todos, eu tenho mesmo é que dispensar essa demasia de interrogações. To precisando dar uma trégua pro meu psicológico, porque está sendo assim, quanto mais me conheço menos sei de mim.
Olha, eu já não quero mais saber se eu sou essas linhas amarguradas e frias que vocês sempre lêem. Me assusta não poder passar disso aqui. Quanto mais aprendo sobre o que eu quero, mais boicoto meus ideais, parece que saber é o fim. O fato de estar ciente sobre mim, me impede de exercer a minha essência. Acho que isso explica essa necessidade de me contradizer, mesmo sendo tão racional.
Eu já devo ter passado mil vezes pelo caminho certo, caminho pelo qual eu sempre quis seguir, mas racionalmente achei impróprio, pra não dizer que senti mesmo foi medo. Doar-se é sempre difícil, mas no meu caso parece impossível. E se não for como eu quero? E se tudo der errado? Será que eu ainda vou ter o que doar daqui pra frente? E se eu me perder? E se? Se eu estiver certa sobre mim, estou ficando morna de tanto não me permiti. É por isso que hoje resolvi me dispensar, quero viver as cegas, como aqueles que vivem do órgão responsável pelo bombeamento sanguíneo, o tal do coração, sem essa razão que suga e apaga a vida, sem esse pudor exagerado, sem medo, só vida.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Partida

Você sabe que parecidos nós não éramos, e eu sempre levando tudo sob o efeito daquela velha história de se divertir com o errado enquanto o certo não vinha, mas o que mantinha a gente era esse olhar verde seu, que me arrastava pra cama, que fazia tudo parecer tão mórbido na intensidade que eu desejei. Você sabe do meu espírito livre, não foi por nada que terminamos, foi só por prazo de validade vencido. Tão lindo e convicto, mas cheio de meias palavras, meios abraços, meios sentimentos, e eu tenho horror de meio termo.
Você se deu conta de como eu sacio as pessoas? Como eu sacio vida? Eu quero gozar do direito de ir, porque eu sempre fui mais ponto final do que reticências. Tem tanto chão pra correr, tantos amores pra viver, tanta distração que preenche cotidiano que eu não quero construir nada pra repousar, eu não quero ter tempo pra descobrir que a idéia de mim é mentira, espera eu patentear essa vida que você acha tão absurda, solta minha mão, levanta a cabeça, segue seu caminho e não olha pra traz, porque eu já fui ser feliz e não tenho tempo pra sentir saudade.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Subconsciente

É desesperador essa urgencia de vida, essa urgencia de sentimentos. É mais desesperador ainda ver que eu corro exatamente ao contrário de tudo que quero alcançar e eu simplesmente não sei dar meia volta.
E incomoda saber que NINGUÉM pode me conhecer do jeito que sou, porque não há nada a se conhecer. Passo a vida tentando ser. Mas ser é dificil. Ser qualquer coisa que não seja NADA, sentir qualquer coisa que não seja NADA. Mas o nada é tão presente e fácil.
A vida é tão curta pra ficar evitando não se machucar, pra ficar evitando machucar alguém. Eu sei. Mas não é desse medo que sofro. Só não consigo... por algum motivo, não me permito. E to tão cansada de implodir. E quer saber, acho que me machuco mais assim. Parece que estou tão longe de tudo. Uma fase abaixo de todos. Me sinto menos humana quando penso que enquanto as outras pessoas buscam ter o amor que sentem, eu ainda busco senti-lo, ou deixar que ele me sinta.
É uma busca insaciável por vida. E apesar do cansaço é impossível parar, como se isso fosse automático, inconsciente. Será que essa coisa de amor é realmente essencial?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tudo vai ficar bem

Eu não peço muito, só quero tempo pra sentir saudade. Sabe esse sufocamento, esse medo? é só vontade de ficar, mas ficar calada, deitada, imóvel, te olhando quando eu precisar.
Eu não quero que você esteja presente pra eu respirar e nem quero estar presente pra que você faça o mesmo.. Eu só quero tempo livre e menos palavra pra brigar.
Esquece as datas, esquece as outras pessoas, não dita que tem que ser só nós, eu ja existia antes de você.
É só sorrir e dizer que tá tudo bem, que tudo vai ficar bem.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Olhos de ressaca

Olhava o mundo com olhos de ressaca de um fluido misterioso e energico que vinha sem nada e lavava consigo tudo, assim, como o mar em dia de ressaca. Ele evitava fita-la e mesmo de relance, quando não resistia e levantava os olhos, via ondas cavas e escuras afim de envolve-lo, engoli-lo, traga-lo.

Mas como poderia viver sem aqueles olhos? Como alguém que não pertence a costa litoranea e ama o mar. Ele amava o mar e as ondas e amava os olhos de ressaca. E ela que tinha os olhos que o diabo lhe deu, como os de cigana, obliquios e dissimulados puxava-o para sí, que se agarrava em seus braços, seus cabelos, mas que por estes se entregava sem relutancia alguma.

De súbito escrevia-lhe, falava-lhe. Talvez a narração desse-lhe a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta, não o do papel, mas o do mar, não o são, mas o de ressaca.

“O mar amanha está de desafiar a gente.”

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Invenções reais

Perdi a vocação de atriz, tenho a alma livre mas não sou marionete. Resolvi escrever os roteiros, comprei uma cadeira e ficarei aqui brincando de viver, enquanto espero silenciosamente pelo fim que tanto corro atraz.
Dos amores que tive, que tenho, e que terei, platônicos haverão de ser, porque a felicidade de viver o amor existe, mas a angústia de perde-lo, não mais. Não podemos perder o que nunca tivemos.
Descobri que fugir do amor é besteira, quando a primeira coisa que nos é dada quando nascemos é amor, haveremos de amar até os personagens dos nossos livros favoritos, haveremos de amar sem ver, sem crer, nós haveremos de simplesmente amar. Quer amor mais simples que aquele que só nós sabemos da existencia?
Decidi inventar meus amores, de modo que, sempre serão amados, e sempre me amaram. Vou me atrasar inumeras vezes, enquanto o mundo acontece, pois o tempo flutuara nos minutos e eu nem notarei os meus limites. Estarei num estado de graça e satisfação, combinando amor e arte literária. É só sabado anoite, e de que importa as pessoas lá fora, se já cai em um insuportavel tédio visual? Deixa pra lá.. Tenho tudo que preciso, papel, caneta e amor. Serão madrugadas de uma vida com invenções reais.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Que aprendam - ao menos - ser interessantes

Ando cansada, desesperançosa, morta por aqueles que me amam de relance. Eles me oferecem tudo, tudo o que não quero, tudo o que ja tive e não gostei. Me perguntam, esperam que eu transborde minha vida pelos poros, querem tudo pronto, tudo dito, confiam fielmente nas minhas mentiras e são incapazes de - por preguiça, ou medo - me observar. Eu sou tão simples, tão dada nos gestos minimos, e eles ainda exigem manual de instrução. Falam demais, quando os olhos é que deviam, olhos que permanecem insuportavelmente silenciosos.
Falta-lhes a conciencia de amar, e em mim sobra um coração vazio, que por hora está quase conformado.
Me crio a cada par, como se houvesse alguma possibilidade de ser verdade ao lado de alguém, mas nem eu mesma suporto tal mentira.
Tem um mundo todo de gente lá fora, que não importa, não há quem me procure nas entrelinhas, que se atrase comigo, que não me deixe na solidão de dois. Só há amor de mentirinha, que preenche cotidiano. E desse eu ja tive aos montes..
Mas pra falar a verdade, não é amor que quero, eu só quero menos perguntas e mais colo pra dormir. Eu só quero que você se cale e seja bonito, bonito pra eu te olhar. Eu só quero. Quero muito pra gostar pouco;