segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pede-se vida?

Todos os dias, buscamos ser salvos, mas nunca usamos a palavra salvação por vergonha de parecermos inocentes.
Não falamos de amor, para não termos que reconhecer o ódio, o ciúmes e todos os outros que o contradiz.
Adiamos cair de joelhos diante de nós mesmos , que por amor dizemos: "Não tenhas medo".
Disfarçamos com medos pequenos o grande medo que temos. Por isso não falamos do que realmente importa, falar sobre o que importa é uma gafe.
Temos mantido em segredo a nossa morte, para tornar-mos nossas vidas possiveis, mesmo que tenhamos que usar do falso amor para disfarçar a indiferença que usamos disfarçando a grande angústia.
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos em público de algo que não ririamos sozinhos. Temo-nos temido uns aos outros acima de tudo, querida.
Eu quero escapar disso. Quero escapar com a ferocidade de quem escapa de uma peste. Eu quero aliviar a alma. Acreditar que amar não é morrer. Que a morte na verdade não existe e que ja vivo na eternidade. Quero receber o mundo sem receio, pois para esse mundo incompreensivel, incompreensivel eu fui criada.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Eu me basto

Não que eu seja egoísta, mas eu me quero só pra mim. É o meio mais fácil de chegar ao ápce do prazer da vida, essa auto-suficiencia. Eu me conheço, sei o que me agrada, é fácil ser pra mim o que sempre quiz, é fácil presentear-me, é fácil deixar tudo mais fácil. Sou pequena demais pra ser partilhada a dois, ao mesmo tempo sou grande demais para dar conta de mais uma alma. Eu não gosto de responsabilidades, eu não busco compromissos, porque eles estão ai para serem quebrados.
Defendo que o ser humano é mais sozinho, é mais do que essa dependencia de outro que nem mesmo quer esse fardo de ter que compartilhar de tudo. Eu não quero ouvir os seus problemas, e não quero que você ouça os meus.
Eu sei da minha bagunça, eu não cobro que você também saiba, mas você quer saber, quer organizar e eu não aceito essa invasão. É preciso que alguém vá de pessoa em pessoa anunciando 'não se aproxime bruscamente das pessoas, elas sentem-se sufocadas'.
É desse sufocamento repentino que vem o meu 'evitar'. Eu evito sim, evito as pessoas, evito proximidade, evito respira-las, eu evito a dependencia, porque na liberdade eu posso ser muito mais. Posso não me preocupar com estereotipos.
Não tenho medo da solidão, e nunca vi disso. Tanta gente que olha pra fora, puxando pra sí os sonhos alheios e esquecem de olhar para dentro, esquecem de fechar as próprias feridas, porque estão ocupados demais tentando fechar a do outro.
Parem de viver o que não lhes pertencem. Vivam para sí, vivam por sí. Sejam como quiserem e bastem-se sozinhos.

domingo, 12 de junho de 2011

Insegurança?

O desejado está aí. Posso escolher aquele que vai me oferecer o amor de uma vida inteira, que vai me colocar n'um pedestal e fazer das minhas mentiras verdades absolutas. É só dizer que sim, é só me dispor a viver atuando. É só aceitar o tal 'caminho da felicidade', mesmo sabendo que todos são incapazes por natureza.
Mas da medo encarar o que é definitivo. É tão mais fácil reclamar da vida do que tentar torna-la mais leve.
É dificl aos sabados anoite, gritar na porta de casa, aos quatro ventos, com o choro amarrado na garganta, o drama que é sobreviver com sede de estar vivendo, só pra aliviar o peso da alma. É uma angustia louca, como ter sucesso e se sentir fracassado. Um sentimento de ter e não sentir que tem.
Os planos de fulga, são muitos e tenho mania de boicota-los. Eu evito mudanças drasticas, não sei arriscar e pra falar a verdade, eu nem quero.
Eu gosto de reclamar, e ficar esperando por soluções, gosto daquela expectativa que crio no dia de amanha, mesmo que depois seja invadida de frustração por deixar passar tantos amanhas e continuar na segurança que é reclamar sem agir, a segurança que é continuar no desconfortavel, mas confortavel por ser uma condição conhecida. Eu reclamo, mas estou bem assim.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um ser egocentrico.

Nesse mundo se faz rei os bonzinhos, inocentes de sentimentos afaveis, que se deixam levar. Que choram depois por corações partidos, mas podem agarrar-se nas lembranças que preenchem o silencio e a solidão. Lembram-se de dias claros em que sorriram, realmente a dois. Enquanto eu sigo vivendo da estranha mania de sorrir sem querer, e horas depois soluçar no travisseiro, de coração vazio, um vazio sem lembranças que dói, que atribui à saudade de sentir saudade. Que termina nas cartas borradas da minha gaveta, na roupa bonita e na disposição de mudar a vida na noite em que danço, mesmo sob abismos, pra não perder o costume de fingir o agradavel.

Enquanto uns se preocupam se ele ainda à ama, eu fico ensaiando o futuro, e acho que ja cheguei no auge do meu individualismo, mas não tenho espaço fisico e moral pra existir nessa condição, e mesmo assim existo, e não mudo.
Só sei ser assim, diferente. E ninguém quer descobrir as mulheres diferentes, mas elas estão ai, para serem descobertas. Mas com toda certeza, não é isso que eu quero. Parem de se aproximar assim de mim, nesse extremo que sufoca e da medo.

Talvez eu só queira a espera do fim do dia. Não a espera de uma vida toda. Entende? Um casual sem sorrisos forçados, um casual realmente agradavel que por isso, possa vir à deixar de ser casual.
Mas sinto que estou aqui p'ra ser isso ai mesmo. P'ra ter as malas sempre prontas à mão. Porque se não, só restaria a frustração de não ser quem sou.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Largueza ampla de não-entender

Apavorava-se só de pensar em uma possivel intimidade com a alma de um homem. Recuava todas as vezes. Tinha receio de ir, como se pudesse ir longe demais, longe onde não se deveria ir. E de volta em meia, até se perguntava, do que estaria se polpando? Mas não era questão de polpar-se, e sim um certo medo da sua própria capacidade, talvez por não saber de seus limites. Não sentia-se pronta p'ra ter uma ligação de mulher com o que representava união.
Ela era o mundo, e no entanto, vivia o pouco. O que lhe gerava humildade. Aliás, sentir-se humilde demais, era de onde vinha sua altivez de pessoa.
O que a salvava era a crença no seu mundo particular, onde era-se apenas uma mancha de instintos, doçura e verocidade. Como se fosse humana, só que de uma forma permanente, mas que as vezes pudesse ouvir o silencio da alma confusa.
Sentia-se bem por não entender-se, pois não entender-se era tão grande que ultrapassava o próprio entender. Entender-se era o limite, mas não-entender-se não tinha fronteiras e a levava ao infinito. Era uma benção estranha como a de ter loucura sem ser louco. Compreender era sempre um erro, preferia ter a largueza tão ampla, livre e sem erros de não-entender, mesmo que de vez enquando sentia-se insuportavelmente inquieta, porque gostaria de saber o bastante para pelo menos ter conciencia daquilo que ela não entendia. Embora no fundo não quizesse sair da codição humana de não entender.
No entanto, as vezes adivinhava. Eram as suposições e o desinteresse manso que substituiam o seu entender.