segunda-feira, 14 de março de 2011

É complicado ser complicada

Eu sei, gosto com prazo de validade. Enquanto é intenso, enquanto eu ainda posso envolver. Gostei do esquisito porque ele também trabalhava com prazos e logo se cansaria. Gostei do que conheci no verão passado, porque logo janeiro acabaria e eu voltaria pra minha paisagem, sabendo que não tive tempo de envolver completamente, ele logo cruzaria meu caminho e seguiria o dele. É que tenho mesmo uma necessidade imensa de mim mesma e faz parte dos meus caprichos o gosto pelo jogo da vida. Mas sabendo que tudo iria terminar em algumas linhas escritas, traçando uma nova peça. É por isso que desco logo do palco, tenho que tirar a maquiagem, agradecer a platéia e os figurantes. Isolar-me e escrever um novo roteiro. É um ciclo, e se tornou vicioso.
Mas eu tenho a liberdade de escolher como eu quero, como deve ser. Foram os anos que me ensinaram manipular. Sendo assim, nunca é igual. As vezes tenho surpresas durante a atuação e quão bom são elas, porque essa minha fobia de linha reta sempre me faz fexar o teatro antes do tempo. O engraçado é que sempre saio reclamando, porque sempre espero que seja diferente. Na verdade eu sei que nunca será, mas até eu mesma me manipulo, me engano, acredito. Só os que ja assistiram a mais de dois espetáculos é que sabem, que momentos depois colocarei um sorriso torto no rosto demonstrando a satisfação de mais um jogo zerado.
Indo mais a fundo eu devo admitir que isso tudo não passa de medo. Tenho medo de dividir os meus medos, tenho medo de criar soluções a dois pra eles. Eu nunca deixei ser invadida, quando algo está errado eu me resolvo, sozinha. Você está tentando me salvar e eu acho isso lindo, mas eu vou ser sempre a estranha, manipuladora, fria. Pra mim é mais comodo assim, desenvolvi um bloqueio pra minha proteção e sempre que tento quebra-lo alguem se machuca e esse alguem nunca sou eu. E isso me traz mais medo ainda. Todo o meu podre é meu e de mais ninguém. Ja falei, contente-se com o meu óbvio, eu o criei com muito carinho pro meu jogo. Aceite as condições, não confie em mim, não diz que eu fico linda assim, não mude pra se adaptar ao meu jeito estranho de ser, não sou digna disso. Sei que sou chata, mas eu me aguento e me basto.


ESSA MANIA DE REGISTRAR TUDO EM PALAVRAS, ME DEIXA PIOR DO QUE EU PAREÇO. DRAMATIZO SEM DÓ.



GALERINHA QUE TÁ ME SEGUINDO, MUITO OBRIGADA.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. É isso que assusta quando passamos a escrever sobre o que realmente sentimos, as coisas explodem aos nossos olhos e agente finalmente se enxerga, se entende na mesma fração de segundos que se complica ainda mais. Perplexo não?!

    Adorei seu texto, boa sorte nos seus próximos roteiros.

    ResponderExcluir